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Mas para que raio quero eu um blog?

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Mas para que raio quero eu um blog?

06
Jun25

O cortex frontal

Carla

Especificamente a região olfativa frontal, é quem mais tem sofrido com as romarias diárias a hospitais.

No hospital onde a minha mãe esteve internada, era o cheiro a sopa. Não importava se a visita era de manhã, tarde ou noite, aquele corredor e a escadaria até ao 6° andar cheiravam sempre a sopa. Curiosamente dentro do elevador não cheirava a sopa, mas aquele hospital é tão confuso, que das primeiras vezes que subi de elevador, fui sempre parar a sitios diferentes, a alas erradas e lá tinha eu de regressar à entrada e subir pelas escadas. Resolvi então pôr de parte o elevador e levar com o cheiro de sopa 6 andares.

Cruzei-me com poucas pessoas nessas escadas, tive degraus suficientes para apreciar os azuleijos gastos, as janelas mal vedadas e com a pintura craquelada, as fissuras nas paredes, e aquilo metia-me uma enorme confusão, "como um edifício novo tem uma escadaria tão velha?". Percebi mais tarde que, aquelas escadas pertenciam ao edifício 1, o mais antigo e que está em remodelação.

O hospital é composto por 4 edifícios ligados por corredores. Eu entrava no edificio 2, da entrada principal, a minha mãe estava no edifício 3, entre um e outro perdi-me e usava as escadas do edifício 1, atravessava o enorme corredor e chegava ao quarto onde ela estava.

Andar pelo hospital desengana-nos os sentidos, tal como o cheiro da sopa que me atrofiava o cérebro, mas depois de a provar achei saborosa, o cheiro porém continuou a ser desagradável.

A U33 do hospital onde o Carlos está, não cheira a sopa. A escadaria que me leva ao 3° andar e o corredor até ao quarto nao cheira a sopa. Não há um cheiro que incomode nos cuidados intensivos.

A área é serena, a musica toca baixinho dando ao lugar um ambiente descontraído, cheira a fresco como se todas as manhãs as janelas fossem abertas para renovar o ar. Só o bip bip das máquinas que mantém as pessoas ligadas à vida, me remetem à realidade do contexto em que estou.

Mas há um cheiro que causa náuseas quando entra nariz adentro. Nos primeiros dois dias não incomodou, mas há medida que o tempo foi passando tornou-se mais forte e pertubador, mas não conseguia evitar, tinha de lá ir.

Talvez a ansiedade de não saber o que ia encontrar, o desassossego de pensar que a situação podia piorar, a cada degrau que subia a bexiga enchia mais um pouquinho e ao chegar ao 3° andar, antes de tocar à campainha, para o enfermeiro me vir buscar à porta e acompanhar ao quarto, tinha de ir à casa de banho.

Todas cheiram ao mesmo, até a do 2° andar, onde fui na esperança de encontrar uma essência mais agradável.  Ambas têm um fedor forte e repugnante a desifectante que me provocava vómitos e dores de cabeça.

Felizmente hoje já não foi preciso subir ao 3° andar, saíste da U33 e foste transferido para o 4° andar e acomodado na U43, unidade de cardiologia, e eu hoje, já não precisei de ir à casa de banho. 

23
Set24

Recomeços

Carla

Foi o despertador a acordar-me, o ritual da preparação matinal, o café bebido enquanto abria as persianas e observava a vida lá fora que, também ela começava a despertar e o rumo para a luta diária. Os bons dias das pessoas do dia-a-dia, os sorrisos e os votos de bom regresso. Soube-me bem o recomeço. 

No telemóvel guardo centenas de fotos dos dias a bordo, no coração, centenas de momentos maravilhosos vividos naquele barco, com as pessoas que alinharam nesta aventura de festejar os cinquenta anos da minha irmã em alto mar. Foram 8 dias de férias inesquecíveis. 

Na memória ficam também todas aquelas pessoas com quem tive o gosto de me cruzar no barco.

A Lidia, de sorriso maravilhoso e acolhedor bom-dia, que com tanto carinho nos limpava os quartos. Que o teu regresso ao Brasil depois de 10 anos longe do teu filho, seja pleno de muito carinho. E felicidades para o novo projecto de vida.

O Olvim, a simpatia em pessoa, que mesmo em dias onde o cansaço se notava no rosto, nunca deixou de rir e brincar com os disparates, ditos à mesa por um grupo de 12 pessoas muito barulhentas. Obrigada pelo maravilhoso origâmi em forma de coração com que nos presentiaste no último dia. Que tenhas umas férias cheinhas de amor e em família.

O Ruiz, mais tranquilo e reservado, que volta e meia deixava escapar um sorriso, que nunca nos deixou o copo vazio e que tinha sempre à nossa espera as três garrafas de tinto a respirar. Que o teu regresso ao México de férias seja preenchido de afectos das tuas 3 filhas e mulher.

A Soledad, a quem no primeiro dia, pedi bebida vegetal de amêndoa para pôr no café e nunca se esqueceu. Assim que me via chegar ao buffet para tomar o pequeno-almoço, ia buscar o pacote para me servir. Pequenos gestos que fazem toda uma diferença.

A Marie, das pizzas quentinhas e da foccacia de cebola, de acenar caloroso e abraço apertado. Felicidades para o casamento em Dezembro e para o regresso à Reunião.

Os moços e moças do grupo de animação, incansáveis dia e noite. Muito dancei e me ri com esta malta. Foi tanto o convívio e as brincadeiras que no último dia, quando faziamos o check out do barco e nos viram, vieram se despedir com um "ohhhh os portugueses já vão embora", que grande momento!

Obrigada a todos vocês que comigo partilharam as vossas histórias de vida, ficam guardadas no coração e as fotos tiradas vão todas para o álbum.

 

 

 

19
Ago24

Já fui e já vim.

Carla

É verdade. Fui num pé e vim noutro. Isto quando há um feriado perto do fim-de-semana o melhor mesmo é, fazer ponte. É que umas mini férias são sempre bem vindas. Com isto na ideia, foi pegar no carro, meter lá dentro umas roupitas, o farnel para a viagem e meter-me a caminho. E 7h depois "aterrei" numa pequena localidade nos Alpes, a paredes meias com a Áustria, com lagos de tirar o fôlego, cascatas lá pelo meio daquele maciço de rochedos gigante de ficar de boca aberta e castelos e paisagem de sonho.

Foram 4 dias de muitos kilometros nas pernas, muita chuva nas trombas, que isto de andar lá no alto das montanhas, tanto brilha o sol, como a seguir chove torrencialmente e cerveja, que os alemães não são meigos e um fino para eles é uma caneca de meio litro. 

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Digam-me cá, com uma visão destas quem é que pode pensar em descansar? 

Um dia hei-de fazer férias para descansar, dias e dias de papo pró ar, mas enquanto as pernas o permitirem eu quero é aproveitar.

 

12
Ago24

O que é que a gente leva desta vida?

Carla

Tom jobim diz que a gente leva da vida, a vida que a gente leva.

Á mesa, boa comida para saborear.

Com bom vinho a acompanhar.

Brindes e conversas a partilhar.

Muitas estórias de deleitar.

O uno e as setas deram-nos adrenalina.

O sol a vitamina. 

A diversão reinou sem cessar.

Momentos inesquecíveis a celebrar.

Euforia e alegria a transbordar.

Momentos felizes para eternizar.

Foi um fim-de-semana encantado.

Com risos celebrado.

 

 

20
Jun24

Não há nada mais ternurento nisto das relações que a permanência.

Carla

Mais ou menos a meio da rua principal de Fetange fica a casa do Klaus e da Yvonne. Ambos já passaram dos noventa e a maior parte do tempo passam-na ambos na grande varanda fechada com enormes janelas que dá para a rua principal. Quando o tempo o permite sentam-se no jardim. Enquanto ele desfolha o jornal, ela faz-lhe companhia. Conheceram-se miúdos, as familias eram amigas. O Klaus foi estudar para a Alemanha e a Yvonne casou e enviuvou passado pouco tempo. Reencontraram-se anos mais tarde, o Klaus era casado e pai de três meninas. A Yvonne não teve filhos e não mais voltou a casar. Em 1978 Klaus e Yvonne trocaram alianças.

Hoje quando saí do trabalho, ele passou por mim com um ramo de rosas vermelhas na mão.

Bom dia! 

Bom dia Carla

A Yvonne vai adorar! 

E vai ficar com um sorriso do tamanho do teu?

Vai ficar com um bem maior!

Obrigada Carla.

Abençoadas rosas na mão de um namorado de 94 anos. ❤️

 

 

19
Jun24

Tem sempre uma primeira vez.

Carla

As duas sentadas na cozinha, reviamos os meus apontamentos quando ela solta esta frase " tem sempre uma primeira vez!"

Sim, é a primeira vez que faço um currículo e uma carta de motivação para me candidatar a um trabalho.

Antigamente era tão mais fácil, via o anúncio, telefonava, marcava entrevista e dias depois recebia a resposta. Agora, primeiro apresentas-te e falas de ti num CV, clicas numa tecla para enviar, se gostarem e preencheres os requisitos és chamada para a entrevista ou então metem o mail de parte. Mas tem sempre uma primeira vez!

É incrível como esta frase fez-me lembrar algumas primeiras vezes que  vivi na vida.

A primeira vez que fiquei sozinha depois de casar, foi só um mês  que o homem foi de viagem em trabalho, mas aquelas noites, para quem sempre morou com os pais e habituada a ter a casa cheia com os irmãos, aquelas muitas noites foram aterrorizantes. A primeira vez com o miúdo bebé, a inexperiência, a preocupação, o coração descompassado, o receio de falhar e a vontade de voltar 8 meses para trás e desistir da ideia de pôr filhos no mundo. A primeira vez que, depois de separada, fui sozinha jantar fora e ao cinema, foi tão desconfortável. A primeira vez que viajei rumo ao desconhecido e ao recomeço da vida noutro país,  foi uma mistura de medo e dor de barriga. E aquela primeira vez que fui de férias sem os filhos, bem... foi tão desaconchegante. 

Mas todas as primeiras vezes me movem em direção dos meus sonhos e conquistas, ao novo, ao desafio.

Não é que não goste do meu trabalho, das colegas, dos patrões. Não é que esteja mal, mas posso sempre estar melhor. A vida vai nos dando as oportunidades e estas são únicas, o melhor é não desperdiçar. 

Agora resta-me esperar que gostem do que foi escrito e que tenham a curiosidade de me conhecer pessoalmente.

E quantas primeiras vezes ainda estão por vir? 

 

16
Abr24

A minha tia velha.

Carla

Antes das sete e meia a minha tia,  enquanto abria as persianas, avisava-nos em tom assertivo, "se é para ficarem a dormir, não aproveitamos a praia". Fizesse chuva, sol, vento, nublado, lá iamos nós a toque de caixa banhar o corpo nas àguas "mornas" da praia da Figueira. 

Enquanto tomávamos o pequeno almoço, entre o " despachem-se" e o "a praia é boa é de manhã cedinho", ela preparava o farnel. Alugava barraca durante o dia todo, e tinhamos de carregar comida suficiente, porque não havia o pedir isto ou aquilo na praia, com muita sorte tinhamos direito a um gelado ou a uma bolacha na praia, se nos portássemos bem.

E lá iamos os cinco, eu, a minha irmã e o meu irmão, a minha prima e a minha tia, a pé de Tavarede até à praia de Buarcos, cada um com uma mochila às costas, onde ia o farnel, a garrafa de àgua e a toalha. A minha tia encarregava-se de transportar também o saco com os brinquedos.

De vez em quando juntava-se a minha outra tia, "moça fina de Lisboa", chegava à sexta e ia embora domingo, alugava quarto na zona do Bairro Novo, conduzia um citröen boca de sapo beje, e gostava de frequentar o casino. Mas esta minha tia nunca teve estatuto de tia, porque era só a namorada do meu tio. Tia era a mãe dos meus três primos que faleceu antes de eu nascer,  que me escolheu o nome porque iria ser minha madrinha. Algumas vezes fazia-se acompanhar pelo filho dela, mas o puto já tinha meia dúzia de pelos na "venta", a onda dele era outra e longos dias de praia sem os amigos era "uma seca". 

A minha mãe, empregada de limpeza na casa de uns "senhores" raramente nos acompanhava, o meu pai, empregado de distribuição num armazém de bebidas, tirar férias no verão era impensável, era altura de muito trabalho. Ao fim de semana, normalmente iamos até à lagoa de Mira onde faziamos um picnic que durava até à noitinha.

Assim que chegávamos à praia ia tudo ao banho. Se estava fria iamos na mesma, porque a minha tia dizia que "àgua quente é em casa", verdade que depois de estarmos lá dentro ninguém queria sair. E ali ficava ela, de pé com as mão na cintura, à beirinha da àgua a vigiar-nos, a bata até abaixo do joelho,  a minha tia nunca usava fato de banho porque tinha muitas varizes, e as "varizes querem banho de mar mas não podem apanhar sol".

Na hora de almoço e depois de comermos as sandes, naquela hora em que o sol "está muito forte" ninguém saía de dentro da barraca, e só podíamos ir à àgua depois de fazer a digestão, que ela controlava com rigor no seu relógio de pulso. Assim que nos dava ordem de soltura, corriamos viradas ao mar para mais uns banhos, enquanto ela ficava sentada na toalha à porta da barraca, com uma toalha em cima das pernas, a fazer renda. Volta e meia lá nos dava um berro, ou porque estávamos muito dentro do mar, ou porque a minha irmã amuava e ia sentar-se perto dela.

No fim do dia, depois de muitas horas dentro da àgua, ela ordenava que fossemos para as toalhas, ninguém saía da praia enquanto os fatos de banho não estivessem completamente secos, porque não queria que ninguém fosse o caminho de regresso a casa, a queixar-se que estava com as pernas assadas por causa da roupa molhada.

No fim de Agosto regressava a Lousa, uma aldeia perto de Loures, na camioneta com destino a Lisboa, mas antes de embarcar, entre muitos beijos e abraços, às escondidas da minha mãe dáva  uma notinha a cada um, uma mania que ainda hoje tem.

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A minha prima diz que andava de volta dos albuns de família e descobriu esta pérola, de Agosto no ano de 1985.

 

 

 

 

24
Fev24

Caldeirada de assuntos.

Carla

Quatro graus às catorze e trinta da tarde. Boa tarde. 24 de Fevereiro, Sábado.  Acabei de comer um pain au chocolat, foi-me oferecido com tanto carinho enquanto limpava a entrada do prédio, não podia recusar, e soube-me muito bem. Eu que andei uma semana toda a evitar o açúcar, mas dias não são dias. Entretanto já me enervei, fui aos correios, na Segunda recebi um aviso de uma carta registada que vinha de Portugal, só Deus sabe o que me chateia ter de ir aos correios por causa do tempo que lá se perde. Era o boletim de voto, já ontem me questionei quando chegaria. Chegou Segunda, já o tenho comigo, já posso exercer o meu direito de votar. O sol já espreitou hoje, assim como já choveu e também já caíu granizo, o vento sopra frio, está desagradável para andar na rua. Também já passei no supermercado mas tenho de lá voltar,  tenho também voltar ao prédio, deixei-me ficar na ronha esta manhã e o restaurante estava já a funcionar quando limpei a entrada. As camas estão feitas de lavado e os lençois estendidos na varanda para secar, se o tempo ajudar. Uma máquina de roupa escura está já em andamento. Recebi uma mensagem daquelas que não sei muito bem o que responder, a vontade foi não responder ou segunda hipótese, responder e mandar à merda, ele há pessoas que criam a sua própria infelicidade, não aceitam que não vale a pena insistir, confundem um sentimento de amizade com algo mais e teimam em viver infelizes, lamento não corresponder às expectativas criadas. Não respondi. O silêncio é uma resposta, há que o entender. Mas como isto dura há mais de um ano, talvez a compreensão esteja difícil. Paciência. E eu que agora devia estar a teclar naquilo que me pertence fazer, estou aqui sentada no sofá a teclar uma caldeirada de assuntos. Boa tarde, outra vez.

29
Jan24

Se tu soubesses o quanto te sou grata.

Carla

As coisas não acontecem sempre como planeamos. A vida é assim em tudo, até nos casamentos. Os motivos que levam a uma separação podem ser muitos, no nosso caso foi não olharmos na mesma direção. Se um casamento é caminhar juntos, nós caminhámos em sentidos opostos. Independentemente das coisas que levaram à separação, ninguém teve culpa, aconteceu. E ambos seguimos a vida que planeámos e que melhor nos servia. Nunca me interessou muito o procurar respostas para o porquê. A separação aconteceu. Pronto! Foi o seguir em frente. Nunca me interessou muito saber porque te separaste de mim e do teu filho, a ti te diz respeito a decisão que tomaste.

Mas sou te grata.

Nunca precisei de dividir o miúdo contigo. Todas as férias, natais, fins de semana foram meus. Eu tive a oportunidade de o ver crescer todos os dias, e de partilhar com ele todas as fases de crescimento, a infância, adolescência e vê-lo tornar-se no adulto responsável, integro, coerente, lutador, bem formado, ambicioso que é.  Eu tive o privilégio de com ele viver os episódios mais divertidos e caricatos, como quando fez pela primeira vez a barba ou quando teve a primeira relação sexual. Eu tive a honra de assistir aos triunfos, de o proteger quando teve medo e de o incentivar quando teve dúvidas. 

Como não te ser grata, por me teres deixado só com ele nesta aventura que foi vê-lo crescer? 

Podes ter tido uma vida cheia de viagens inesquecíveis, podes ter velejado pelos sete mares, ter conhecido pessoas fantásticas... mas esta aventura serei te eternamente grata por ter sido só minha. 

 Fizemos escolhas.

A ti pai do meu filho, obrigada pela escolha que fizestes.

A ti que durante 15 anos deste sinal de vida 3 vezes... a ti que hoje telefonaste só para saber como estamos... estamos bem e a única coisa que sempre quisemos é que fosses feliz. 

 

 

31
Dez23

Em 2023...

Carla

... comecei o ano em Liège na companhia do meu filho, namorada e colegas da universidade. Se os mais velhos têm sempre muito que nos ensinar, os mais jovens também, gosto de os ouvir e viver rodeada deles. Joguei pela primeira vez drunk pong, mas não quero falar sobre isso. Revisitei Bruxelas, este deve ter sido o pior dia do meu ano, viajar com alguém que não gosta, nem aprecia é um tormento. Pus ponto final a uma relação, que vinha a mostrar não ter pernas para andar, lá dizia Rui Veloso "não se ama alguém que não ouve a mesma canção".  Ainda em Janeiro, numa sexta à noite, sem nada para fazer, decidi que não me apetecia passar o fim de semana no Luxemburgo, desafiei duas amigas, comprei bilhetes de última hora no city night bus, que arrancou às 2h da manhã e fomos visitar Colmar e umas aldeias nas redondezas super giras. Estas coisas dão-me, às vezes. Propus-me fazer os 158 km do Escapardenne Trail, que dividi em 12 etápas, só fiz 4. Shame on you girl! Passei 6 dias fabulásticos em Itália, com duas amigas. 6 dias/5 locais era o previsto, mas ao chegar a Bari, a última cidade da lista, a passar num museu vi que estava uma exposição, que andava há anos para ver, Body Worlds, e arrastei-as para dentro do museu. Podemos sempre voltar a Bari. Este foi o ano que mais vezes fui a Portugal, reencontrei "velhas" amigas, fui acarinhada, senti a frieza de outras, beijei e abracei os meus pais até se cansarem, visitei e revisitei locais lindíssimos, assisti a nasceres e pores de sol magníficos. Não li tanto como tinha previsto, deixei alguns livros de parte. Assisti a bons concertos de música, na companhia das minhas pessoas de coração, vocês batem forte cá dentro. Fui almoçar a Genebra e a Maastricht, só porque me apeteceu. Desci às profundezas da terra em Dinat e Mira de Aire para visitar grutas, e no Luxemburgo visitei umas minas, percorri kilometros à procura de cascatas, subi ao alto das montanhas em Annecy e nos Voges para me sentir mais perto do céu e admirar a cor dos lagos, voltarei para apreciar as paisagens com neve. Andei num comboio de 1900 e vesti-me segundo os trajes da época, o meu respeito a todas aquelas senhoras que conseguiam respirar com um espartilho e fazer xixi com tanta coisa vestida. Cancelei 2 viagens, Cracóvia e Picos da Europa, por motivos profissionais, continuam na lista. Fui "vitima" de pfishing, vitima entre aspas, porque perdi o dinheiro por burrice minha, dei-o de mão beijada no dia em que resolvi abrir e responder ao mail. Paciência... passei horas a levantar ferro no ginásio, não tantas como gostaria, as que foram possiveis. Participei pela primeira vez numa maratona, mas em modo caminhada, talvez um dia decida correr. Conheci pessoas novas, algumas levo para 2024, outras ficam pelo caminho. Criei um blog, só porque achei que era capaz de ser uma cena gira, gosto de vos ler. Aproveitei pouco dos meus netos, uma situação a ser mudada no próximo ano. Tive algumas desilusões, nem tudo são rosas... mas gosto e sempre gostei de guardar só o que é bom. Foi um ano bem vivido!

Não sei o que 2024 me reserva. Mas sei que não será aborrecido!

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