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Mas para que raio quero eu um blog?

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Mas para que raio quero eu um blog?

24
Set24

Papéis, papéis e mais papéis...

Carla

A minha vida tornou-se um monte de papéis amontoados e desordenados, todos com uma obrigação qualquer inerente: pagar a luz, pagar o seguro do carro e da moto, pagar a vinheta de estacionamento, preencher os papéis para a bolsa do miúdo, é passar na segurança social para ir buscar um papel, no banco para pegar outro papel, nos impostos para pedir outro papel, são os papéis para preencher para o reembolso ou não dos impostos, mais os papéis dos acertos anuais para entregar aos condóminos do meu prédio, papéis para passar no supermercado, papéis das consultas médicas para enviar à caixa de saúde, fazer mais isto e aquilo... fico com saudades do tempo em que não havia papel na minha vida. Em vez de dedicar tempo a algo decente, tenho de perder tempo com coisas que detesto.

Depois, a minha curiosidade levou-me ao google pesquisar quem se deu ao trabalho de inventar o papel e descubro que, foi um homem... só podia ser! 

 

22
Ago24

Se tivesse um buraco, enfiava-me!

Carla

7.20 da manhã e já eu descia a rua para me dirigir à paragem do autocarro Gare Rocade, ao longe avisto um grupo de pessoas, paradas perto da porta do elevador que dá acesso à passadeira pedonal, que passa por cima da estação de comboios. Uma dessas pessoas, um homem não me era de todo desconhecido e à medida que me ia aproximando, mais certeza tinha que era ele e mais me questionava o que estaria ali a fazer àquela hora da manhã.  A porta do elevador abre e as pessoas arrendam-se para o lado para dar passagem a quem vai sair e, tranquilamente começam a entrar no elevador. O homem agora virado de costas ficou no fim da fila e aguardava a sua vez de entrar. Nestes entretantos, o semáforo para peões fica verde e eu acelero o passo com o intuito de o comprimentar. Acerco me dele, prego-lhe uma palmadinha tipo palmada, daquelas que tenho por hábito lhe dar,  nas costas, e de sorriso de orelha a orelha solto um sonoro "bom dia Ramiro". O homem vira-se, dá-me o bom dia, ri com vontade de rir e informa-me que não se chama Ramiro.

Se tivesse um buraco, enfiava-me.

Esta merda de ver mal ao longe, ainda me vai trazer graves problemas!

 

07
Ago24

Os imbróglios da vida

Carla

As pessoas que têm a paciência e a inteligência para ler manuais de instruções, para mim, essa pessoa está a um nível muito acima na escala da evolução da humanidade. O mesmo se passa com as pessoas que seguem tutoriais no YouTube e aprendem as coisas. Acho lindo! 

Eu até me esforço, mas quando vejo que nos primeiros minutos do vídeo, a pessoa apenas anunciou aquilo que está escrito no título a minha concentração vai-se. 

Quanta coisa eu poderia aprender, se tivesse paz de espírito para seguir um tutorial ou ler um manual de instruções.

Este é o meu jeito. O que posso fazer? 

Olha... vou seguindo as figurinhas e as vozes na minha cabeça. E depois com a força da oração a coisa às vezes bate certo. Outras vezes... sobram peças. Mas... se sobrarem peças e a coisa der certo e ficar a funcionar, aí minha gente, considero-me uma verdadeira Einstein!

01
Ago24

O motorista queria conversa e dei-lha.

Carla

Metade do caminho falou de como era bom conduzir o autocarro vazio, no período em que toda a malta abala, quando as firmas fecham na época das férias colectivas. Três semanas sem o stress do trânsito, nem das obras. Na outra metade do caminho queixou-se dos preços das casas no Luxemburgo e da casa a bom preço que tinha arranjado em França, pertinho da fronteira, não era um casarão, mas era uma boa casa. Tinha 2 quartos e quintal. Depois listou-me as desvantagens de viver na cidade do Luxemburgo, para os desgraçados que aqui moram. Depois revelou-me a renda que pagava, 1400 euros, já com a àgua e aquecimento incluído. E finalmente, revelou-me onde era a casa. Yutz. Não lhe gabei a sorte do achado.

Entre o "inferno" que é viver na cidade do Luxemburgo e viver em Yutz, venha o diabo e escolha.

24
Jul24

Diário de uma Quarta Feira

Carla

8.50 - cheguei ao trabalho e já estou azeda... Deixem-me estar sogadita e caladinha, não falem comigo... está um calor insuportável, o sol a bater nos vidros e a criar efeito de estufa, isto de as casas não terem ar condicionado e das pessoas não gostarem de abrir janelas por causa do pó que causa alergias e sei lá eu que outras merdas.... e de se lembrarem de me dar 15 camisas para passar a ferro é coisa para deixar uma pessoa a destilar suor, fazer o cérebro escorrer aos pingos. É a roupa que se cola ao corpo, é o cabelo que se cola à cabeça, os óculos que escorregam no nariz, é a pele que fica pegajosa e húmida... 

12. 00- ufff! Hora de almoço. Antes de ir para casa almoçar, vou-me sentar numa esplanada à sombra, e beber qualquer coisa fresquinha. A senhora sentada na mesa ao meu lado, perguntou ao empregado se tinha cerveja sem gluten. Cerveja sem gluten!?!? Depois querem que haja paz no mundo. 

14.00 - nem sei se estou bem se me vou esvair em suor. O duche de àgua fria não arrefeceu o corpo, pelo contrario, escorro àgua por cada poro. Até andava em casa como cheguei ao mundo, mas moro no primeiro andar, detesto cortinados e tenho vizinhos de frente.

17.00 - Deus porque me fizeste pobre? Tenho mais 4 horas de trabalho pela frente ... mais do mesmo... limpa, aspira, lava, passa a ferro... é o suor que escorre pela cara, é o cabelo que se cola à cabeça, é a roupa que se cola ao corpo, é a pele que fica húmida e pegajosa... é a pessoa a descolar a bata do rabiosque e a andar pelos gabinetes de braços no ar com a esperança que as ventoinhas lhe sequem a sovaqueira e de perna aberta para que se lhe arrefeçam os entremeios...

21.00 - já estou bem! Vou sair do trabalho e vou até ao ginásio tentar desmoer a bola de berlim e alivia o stress... nã... vou masé pra casa e depois do banhinho vou-me assolapar no sofá! 

Já estou assolapada no sofá!

Sobrevivi a mais um dia de trabalho! 

16
Jul24

Anda tudo à espera das férias ...

Carla

E eu? 

Eu, não. Não estou à espera das férias.... como esta gente, que já nem pensa nem fala de outra coisa... anda tudo em estado semi-demente em contagem decrescente... 10, 9, 8, 7, 6, 5 ... andam por aí a espumar-se e a revirar os olhos, até metem um bocado de medo, a riscar os dias no calendário e a murmurar que ainda faltam X dias para abalarem, e que ontem já era tarde.... Ide...Ide todos!  Deixai-me aqui tranquila por obséquio. Este país, é tão mais sossegado quando mais de metade dos seus habitantes vai de férias. 

Eu vou de férias... lá terá de ser... mas não conto os dias... Ao contrário de vocês que nunca estão satisfeitos, eu sinto-me plenamente feliz por ficar a trabalhar.

É que, alguém tem de fazer alguma coisa pelo país, enquanto vocês, criaturas ingratas, andam a laurear a pevide.

 

12
Jul24

Vida irreal

Carla

Estava eu tranquila, sentadinha no autocarro, entretida a ler as noticias do jornal matinal que me foi oferecido tão simpaticamente na paragem, quando entram duas moças que se sentam no banco à minha frente, uma delas estava muito zangada, falava muito alto, era por causa do trabalho que lhe tinham destinado para o dia, a empresa trocara-lhe as voltas, ia substituir outra, ou lá o que era, e ela ia falar com a chefe, e esbracejava, não parava quieta no banco, gesticulava mais um bocadinho, e eu lá ia seguindo aquele ânimo irado,  como se estivesse a ver uma série na televisão, "eh pá, tas a ver? foda-se pá! já tinha combinado umas cenas, vem a gaja e lixa-me a vida", e jogava os braços ao alto, "logo hoje pá! Logo hoje que é sexta feira a gaja balda-se ao trabalho", mas nisto saca do telemóvel, junta a cabecinha à cabecinha da amiga, fazem as duas uma boquinha de pato, e elas, a boquinha de pato e os dedinhos esticados em sinal de v de vitória e a piscadela de olho todos juntos numa bela selfie, repetem a coisa várias vezes porque o ângulo não as favorecia, postou na rede social das vidas perfeitas e voltou de imediato à vida real. Enfurecida e aos gritos.

23
Jun24

Somos todos aliens em algum momento e em algum lugar.

Carla

Depois da tradicional salsicha, carregada de maionese que comi numa das muitas barraquinhas espalhadas pela vila, a Di e dois amigos dela juntaram-se a mim, para assistirmos ao fogo de artifício, no início da ponte Adolphe. Deixámos-nos ficar por ali o tempo suficiente de um outro amigo chegar, e tomámos direção ao centro. Por mim a noite tinha terminado, aquele mundo de gente, a maior parte já bem entornada, dj's tasca sim tasca sim, e o bum bum bum bum em decibéis altíssimos para ouvidos sensíveis era perfeitamente dispensável. Mas acompanhei-os até á zona histórica onde a festa bombava. Do grupo conhecia a Di, os outros eram-me completamente estranhos. Veio então aquela parte chata de ter de socializar, onde as conversas triviais e banais têm de ser feitas perto do ouvido ou tens de gritar e mesmo assim não ouves o que te é dito. Depois de palmilhar à esquerda e à direita, sempre empurrados pela multidão, assentámos arraias na praça Clairefontaine, menos gente e o dj mais soft com a música que dava ao pessoal pra dançar. E havia bancos... as minhas costas já reclamavam por um. Ali num ambiente mais tranquilo a cerveja até tinha outro gosto e conseguiamos-nos ouvir uns aos outros.

Até que a conversa de trivial e banal passou a assuntos sérios sobre a espiritualidade, a essência, o significado profundo, a vida e a nossa forma de a encarar. As conversas são como as cerejas e havia ali assunto para várias horas. Não no ambiente onde estávamos, mas a cerveja leva nos a estados de espírito mais filosóficos. 

Um dos moços prepara-se para ir fazer o caminho do norte até Santiago, sentiu que era o momento e vai dedicar os 32 dias de férias a percorre-lo. Comentei que também gostaria de o fazer quando estiver reformada, mas que me ando a preparar para fazer do Porto a Santiago, talvez para o ano. 

A partir deste momento a conversa rodou à volta do tema "camiño", onde todos me pareceram experts e conhecedores da grande missiva espiritual que é chegar à catedral. Nisto, ele volta-se para mim e solta a pergunta, se tinha sido o livro "Diário de um Mago" que me tinha inspirado a fazer o percurso. 

O horror, o drama e a tragédia aconteceu quando o informei que não, que nunca tinha lido o livro, e nem sabia quem era o escritor. Como é possivel Carla Maria desconheceres Paulo Coelho e não te teres inspirado num livro, que desperta a vontade em alguém em realizar algo? Bem... em minha defesa, eu conheço Paulo Coelho, mas... normalizem o facto de uma pessoa nunca ter lido Paulo Coelho, ok! 

Com aquelas pancadinhas condescendentes nas costas, senti-me alien no meio de gente entusiasta e amante da narrativa do escritor. Tão alien, tão fora, que hoje de manhã desmarquei o programa desta noite. Não fosse ele vir carregado com todos os livros do senhor e eu ter de estar, com um ouvido a tentar assimilar o assunto e o outro, a embebedar-se ao som de Morcheeba.

 

21
Jun24

E sai um abaixo-assinado, já!

Carla

A idade, a idade, a puta da idade! 

Foi por causa da idade, que neste momento vocês não poderão dar os parabéns, à nova funcionária do departamento de manutenção e limpeza de l'etat. É chato, eu sei! Já tinham as taças erguidas à espera do champanhe. Paciência! Fica para uma próxima vez. 

Eu sei que com a idade as doenças crescem como os cogumelos no inverno. São as artrites, artroses, a perda de audição, visão, das faculdades mentais e outras que tais. Também sei que já estou com um pé mais perto da reforma que uma miúda de 30 anos. E a experiência, pah? A experiência? Isto são já muitos anos a virar frangos... não conta? Ok! Tenho pena porque sei, que é o departamento que fica a perder.

Mas proponho um abaixo-assinado: Pelo direito das pessoas 50+ a novas oportunidades de trabalho. 

Vamos lá assinar isto e fazer barulho! 

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