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Mas para que raio quero eu um blog?

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Mas para que raio quero eu um blog?

19
Ago24

Já fui e já vim.

Carla

É verdade. Fui num pé e vim noutro. Isto quando há um feriado perto do fim-de-semana o melhor mesmo é, fazer ponte. É que umas mini férias são sempre bem vindas. Com isto na ideia, foi pegar no carro, meter lá dentro umas roupitas, o farnel para a viagem e meter-me a caminho. E 7h depois "aterrei" numa pequena localidade nos Alpes, a paredes meias com a Áustria, com lagos de tirar o fôlego, cascatas lá pelo meio daquele maciço de rochedos gigante de ficar de boca aberta e castelos e paisagem de sonho.

Foram 4 dias de muitos kilometros nas pernas, muita chuva nas trombas, que isto de andar lá no alto das montanhas, tanto brilha o sol, como a seguir chove torrencialmente e cerveja, que os alemães não são meigos e um fino para eles é uma caneca de meio litro. 

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Digam-me cá, com uma visão destas quem é que pode pensar em descansar? 

Um dia hei-de fazer férias para descansar, dias e dias de papo pró ar, mas enquanto as pernas o permitirem eu quero é aproveitar.

 

06
Jul24

Soube-me bem o mar.

Carla

Nestes últimos tempos a praia sempre foi feita de forma rápida, pouca paciência para horas deitada na toalha ao sol quente, a àgua fria pouco convidativa a mergulhos, pessoas amontoadas, confusões, duas a três horas por dia se tanto era mais que suficiente. Na verdade, quando vou de férias a casa, Figueira da Foz, levo sempre uma lista enorme de coisas para fazer, pessoas a ver e sítios a visitar, que depois não consigo desligar e usufruir do descanso que preciso.

Desta vez soube-me bem não cumprir nenhum calendário.

Para isso bastou apenas deixar-me estar.

Soube-me bem ouvir o mar sentada na areia de frente para ele. Soube-me bem os mergulhos que lavam a alma na àgua salgada. Soube-me bem saltar com as ondas e picar carreiros com o corpo. Soube-me bem as longas horas deitada ao sol a assar tipo o frango no churrasco. Soube-me bem os tremoços e as sagres à beira mar. Soube-me bem a bola de berlim. Soube-me bem sair da praia no fim de apreciar o pôr do sol. 

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Soube-me bem o mar.

 

27
Jun24

Sons da manhã

Carla

A porta do quarto entreaberta, deixava perceber a luz ténue que entrava através da janela da sala, cuja persiana tinha sido já aberta pelo meu pai. O galo da dona Júlia anunciou a alvorada. Depois outro galo lá mais ao fundo cantou. Apregoavam a manhã à desgarrada. Deixei-me ficar atenta aos sons da manhã. 

Pássaros, muitos pássaros invadiram a nespereira do senhor Mário de vida e de chilreios felizes. Gaivotas passaram a voar. Os pombos pousaram para vir comer as migalhas do pão, que o meu pai tinha acabado de atirar para o quintal. O cachorro da Anita ladrou a duas senhoras que passaram a conversar. 

O dia clareava, a luz inundava a sala. Os galos continuavam a cantar. Ouvi portas, o "Pirolito" saía para o trabalho e a Cristina regressava do mercado com verduras e peixe fresco.

Os galos calaram-se, o movimento de carros aumentou, estava na hora de começar o dia e ver o mar.

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20
Jun24

Não há nada mais ternurento nisto das relações que a permanência.

Carla

Mais ou menos a meio da rua principal de Fetange fica a casa do Klaus e da Yvonne. Ambos já passaram dos noventa e a maior parte do tempo passam-na ambos na grande varanda fechada com enormes janelas que dá para a rua principal. Quando o tempo o permite sentam-se no jardim. Enquanto ele desfolha o jornal, ela faz-lhe companhia. Conheceram-se miúdos, as familias eram amigas. O Klaus foi estudar para a Alemanha e a Yvonne casou e enviuvou passado pouco tempo. Reencontraram-se anos mais tarde, o Klaus era casado e pai de três meninas. A Yvonne não teve filhos e não mais voltou a casar. Em 1978 Klaus e Yvonne trocaram alianças.

Hoje quando saí do trabalho, ele passou por mim com um ramo de rosas vermelhas na mão.

Bom dia! 

Bom dia Carla

A Yvonne vai adorar! 

E vai ficar com um sorriso do tamanho do teu?

Vai ficar com um bem maior!

Obrigada Carla.

Abençoadas rosas na mão de um namorado de 94 anos. ❤️

 

 

19
Jun24

Tem sempre uma primeira vez.

Carla

As duas sentadas na cozinha, reviamos os meus apontamentos quando ela solta esta frase " tem sempre uma primeira vez!"

Sim, é a primeira vez que faço um currículo e uma carta de motivação para me candidatar a um trabalho.

Antigamente era tão mais fácil, via o anúncio, telefonava, marcava entrevista e dias depois recebia a resposta. Agora, primeiro apresentas-te e falas de ti num CV, clicas numa tecla para enviar, se gostarem e preencheres os requisitos és chamada para a entrevista ou então metem o mail de parte. Mas tem sempre uma primeira vez!

É incrível como esta frase fez-me lembrar algumas primeiras vezes que  vivi na vida.

A primeira vez que fiquei sozinha depois de casar, foi só um mês  que o homem foi de viagem em trabalho, mas aquelas noites, para quem sempre morou com os pais e habituada a ter a casa cheia com os irmãos, aquelas muitas noites foram aterrorizantes. A primeira vez com o miúdo bebé, a inexperiência, a preocupação, o coração descompassado, o receio de falhar e a vontade de voltar 8 meses para trás e desistir da ideia de pôr filhos no mundo. A primeira vez que, depois de separada, fui sozinha jantar fora e ao cinema, foi tão desconfortável. A primeira vez que viajei rumo ao desconhecido e ao recomeço da vida noutro país,  foi uma mistura de medo e dor de barriga. E aquela primeira vez que fui de férias sem os filhos, bem... foi tão desaconchegante. 

Mas todas as primeiras vezes me movem em direção dos meus sonhos e conquistas, ao novo, ao desafio.

Não é que não goste do meu trabalho, das colegas, dos patrões. Não é que esteja mal, mas posso sempre estar melhor. A vida vai nos dando as oportunidades e estas são únicas, o melhor é não desperdiçar. 

Agora resta-me esperar que gostem do que foi escrito e que tenham a curiosidade de me conhecer pessoalmente.

E quantas primeiras vezes ainda estão por vir? 

 

09
Jun24

Agora que me vou aposentar.

Carla

Lembro com alegria aquele longínquo mês de Julho, em que depois de mais de 30 anos ao serviço de uma casa, me foram buscar para me dar uma segunda oportunidade. Lembro com contentamento aquele fim-de-semana entre lixas, pincéis e tintas, em que me foi dado um novo visual, também eu já cansado daquele cinzento gasto pelo tempo.

Depois de tantos anos nesta casa, onde dividimos não só uma cozinha, mas sorrisos, lágrimas e expectativas para o futuro. Onde presenciei tantas segundas de preguiça, tantos momentos desafiadores, tantos dias de sucesso e de aprendizagem, é com tristeza e alegria que me despeço de vocês. 

Tristeza pelas saudades que sentirei, vocês foram pessoas com quem partilhei muitas e muitas horas da minha vida. 

Alegria porque parto para o descanso merecido com a certeza de dever cumprido. 

Foi um gosto servir-vos por 14 anos. Despeço-me desejando que a felicidade seja uma companheira assídua nesta casa

Mais uma vez, obrigado! 

Assinado: móveis da cozinha.

23
Mai24

É hoje o meu dia

Carla

E faz hoje 53 anos que esta criatura viu a luz do dia. Mentira, eu vi foi a luz da noite, porque nasci às 23h 55 m. Não quis deixar a coisa para o dia a seguir.

É verdade, eu sei que não parece (mas esta merda de envelhecer já doi nos joelhos 😅), caraças... isto passa a correr! A pessoa nem deu por ela.

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Por isso, ergam bem alto essas vozes e esses copos e digam: PARABÉNS! 🥂🥳

25
Mar24

Do fim-de-semana 23 e 24 de Março

Carla

Este fim-de-semana foi assim... sol, chuva, granizo, neve, vento, lama...Dois dias, 28 km de solidariedade com o grupo dos caminheiros do facebook para o Relais pour la Vie, um evento da Fundação Câncer. Foi tão duro como bonito. Foi com um propósito diferente. Foi uma prova de fé, de amor.

O Relais pour la Vie é uma maratona de luta contra o cancro. Em equipa presencial na Coque, ou de forma conectada, caminhamos, corremos, andamos de bicicleta, uma maratona de esperança para com aqueles que lutam, para celebrar a vida com os que sobreviveram, em homenagem àqueles que infelizmente partiram e de apoio às familias. São 24 horas de muita emoção, convivio e amizade.

Como disse um lutador, "receber a notícia de que se tem cancro é ficar sem chão, mas não é o fim. É uma luta a enfrentar, a fé e o amor dao-me forças para lutar e eu vou vencer!" Força Pedro 🫶

É o amor que nos salva e este fim-de-semana, em cada abraço, em cada sorriso, em cada voluntário, em cada participante, sentiu-se amor.

Não sei se a fé vem primeiro, ou se o amor vem primeiro. Mas nestes dias fiquei com a certeza de que não há um sem o outro.

 

 

 

 

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