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Mas para que raio quero eu um blog?

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Mas para que raio quero eu um blog?

12
Ago24

O que é que a gente leva desta vida?

Carla

Tom jobim diz que a gente leva da vida, a vida que a gente leva.

Á mesa, boa comida para saborear.

Com bom vinho a acompanhar.

Brindes e conversas a partilhar.

Muitas estórias de deleitar.

O uno e as setas deram-nos adrenalina.

O sol a vitamina. 

A diversão reinou sem cessar.

Momentos inesquecíveis a celebrar.

Euforia e alegria a transbordar.

Momentos felizes para eternizar.

Foi um fim-de-semana encantado.

Com risos celebrado.

 

 

23
Jul24

"A vida é uma fotografia desfocada"

Carla

As fotos de sábado à noite ficaram tremidas, desfocadas, nem uma com aquela qualidade necessária para emoldurar e  mais tarde recordar.           

A Cristina organizou o almoço  de final de ano de trabalho, aquele convívio que organiza todos os anos antes de partirem de férias. O grupo dos amigos, que são mais familia que amigos, garrafas de vinho e uns petiscos. A coisa começou cedo e estava previsto acabar cedo... "máximo às 22h estamos em casa". 

Em casa de quem?

Eram 2h da manhã e ainda andávamos aos saltos na piscina.

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Fica a noite na memória.

 

27
Jun24

Sons da manhã

Carla

A porta do quarto entreaberta, deixava perceber a luz ténue que entrava através da janela da sala, cuja persiana tinha sido já aberta pelo meu pai. O galo da dona Júlia anunciou a alvorada. Depois outro galo lá mais ao fundo cantou. Apregoavam a manhã à desgarrada. Deixei-me ficar atenta aos sons da manhã. 

Pássaros, muitos pássaros invadiram a nespereira do senhor Mário de vida e de chilreios felizes. Gaivotas passaram a voar. Os pombos pousaram para vir comer as migalhas do pão, que o meu pai tinha acabado de atirar para o quintal. O cachorro da Anita ladrou a duas senhoras que passaram a conversar. 

O dia clareava, a luz inundava a sala. Os galos continuavam a cantar. Ouvi portas, o "Pirolito" saía para o trabalho e a Cristina regressava do mercado com verduras e peixe fresco.

Os galos calaram-se, o movimento de carros aumentou, estava na hora de começar o dia e ver o mar.

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06
Mai24

Dia da mãe

Carla

A minha mãe sempre foi uma lutadora.

Lutou muitas guerras sozinha desde pequena, primeiro para ajudar a mãe, viúva com três filhos e mais tarde para alimentar os filhos, em tempos muito difíceis e complicados a D. Céu nunca nos deixou faltar nada, incluído educação e respeito. A durona da casa nunca foi mulher de desistir ou baixar os braços, com os contratempos da vida. A minha mãe era uma mulher incansável, no trabalho dentro e fora de casa, na organização do lar, na orientação do nosso dia a dia, ela conseguia ainda arranjar tempo para nos vigiar os estudos e acompanhar na escola. Só ao domingo ao fim do dia é que ela se sentava no sofá, com uma chávena de chá e uma fatia de bolo. Ao domingo havia sempre bolo (ainda hoje há!).

Nunca a ouvi dizer que estava cansada,  doente, ou que não tinha tempo para nós, porque tudo o que ela fazia ( e faz)  é por amor. 

Eu fui a sua filha rebelde, a respondona, a que fazia confusão, a que criava atritos. A nossa relação nem sempre foi a melhor, mas a minha mãe, (apesar de eu ser uma verdadeira parva volta e meia e dar-lhe tantas dores de cabeça), teve sempre a palavra acertada ou a  lambada dada na hora certa (e foram muitas...) para me fazer baixar a crista.

No fundo com ela sempre foi tudo na hora certa, as lambadas, os ralhetes, os castigos os beijos e abraços. 

Por tudo que passaste sem quereres.

Por tudo que disseste só com o olhar. 

Por me teres dado tudo o que precisei para desbravar a vida e criar o meu caminho.

Obrigada.

 

 

16
Abr24

A minha tia velha.

Carla

Antes das sete e meia a minha tia,  enquanto abria as persianas, avisava-nos em tom assertivo, "se é para ficarem a dormir, não aproveitamos a praia". Fizesse chuva, sol, vento, nublado, lá iamos nós a toque de caixa banhar o corpo nas àguas "mornas" da praia da Figueira. 

Enquanto tomávamos o pequeno almoço, entre o " despachem-se" e o "a praia é boa é de manhã cedinho", ela preparava o farnel. Alugava barraca durante o dia todo, e tinhamos de carregar comida suficiente, porque não havia o pedir isto ou aquilo na praia, com muita sorte tinhamos direito a um gelado ou a uma bolacha na praia, se nos portássemos bem.

E lá iamos os cinco, eu, a minha irmã e o meu irmão, a minha prima e a minha tia, a pé de Tavarede até à praia de Buarcos, cada um com uma mochila às costas, onde ia o farnel, a garrafa de àgua e a toalha. A minha tia encarregava-se de transportar também o saco com os brinquedos.

De vez em quando juntava-se a minha outra tia, "moça fina de Lisboa", chegava à sexta e ia embora domingo, alugava quarto na zona do Bairro Novo, conduzia um citröen boca de sapo beje, e gostava de frequentar o casino. Mas esta minha tia nunca teve estatuto de tia, porque era só a namorada do meu tio. Tia era a mãe dos meus três primos que faleceu antes de eu nascer,  que me escolheu o nome porque iria ser minha madrinha. Algumas vezes fazia-se acompanhar pelo filho dela, mas o puto já tinha meia dúzia de pelos na "venta", a onda dele era outra e longos dias de praia sem os amigos era "uma seca". 

A minha mãe, empregada de limpeza na casa de uns "senhores" raramente nos acompanhava, o meu pai, empregado de distribuição num armazém de bebidas, tirar férias no verão era impensável, era altura de muito trabalho. Ao fim de semana, normalmente iamos até à lagoa de Mira onde faziamos um picnic que durava até à noitinha.

Assim que chegávamos à praia ia tudo ao banho. Se estava fria iamos na mesma, porque a minha tia dizia que "àgua quente é em casa", verdade que depois de estarmos lá dentro ninguém queria sair. E ali ficava ela, de pé com as mão na cintura, à beirinha da àgua a vigiar-nos, a bata até abaixo do joelho,  a minha tia nunca usava fato de banho porque tinha muitas varizes, e as "varizes querem banho de mar mas não podem apanhar sol".

Na hora de almoço e depois de comermos as sandes, naquela hora em que o sol "está muito forte" ninguém saía de dentro da barraca, e só podíamos ir à àgua depois de fazer a digestão, que ela controlava com rigor no seu relógio de pulso. Assim que nos dava ordem de soltura, corriamos viradas ao mar para mais uns banhos, enquanto ela ficava sentada na toalha à porta da barraca, com uma toalha em cima das pernas, a fazer renda. Volta e meia lá nos dava um berro, ou porque estávamos muito dentro do mar, ou porque a minha irmã amuava e ia sentar-se perto dela.

No fim do dia, depois de muitas horas dentro da àgua, ela ordenava que fossemos para as toalhas, ninguém saía da praia enquanto os fatos de banho não estivessem completamente secos, porque não queria que ninguém fosse o caminho de regresso a casa, a queixar-se que estava com as pernas assadas por causa da roupa molhada.

No fim de Agosto regressava a Lousa, uma aldeia perto de Loures, na camioneta com destino a Lisboa, mas antes de embarcar, entre muitos beijos e abraços, às escondidas da minha mãe dáva  uma notinha a cada um, uma mania que ainda hoje tem.

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A minha prima diz que andava de volta dos albuns de família e descobriu esta pérola, de Agosto no ano de 1985.

 

 

 

 

19
Mar24

Hoje é dia do pai

Carla

Ninguém nasce pai...

Quis a vida, que tivesses um pai que não quis ser pai e te tenha deixado à mercê da própria sorte com 2 anos, depois da tua mãe falecer. Tiveste o fortúnio de ter 1 irmã  que te amparou e criou. Mas o menino tranquilo, pacato e sorridente que cresceu na Praia da Victória, voltou um homem muito diferente de Ultramar. A ilha, o silêncio da ilha incomodou-te. Depressa regressaste ao continente. Assim como ninguém te ensinou a ser pai, também ninguém te preparou para a guerra. E ninguém te curou do mal. Os pesadelos assombravam-te as noites e encontraste no álcool a solução, para calar os gritos que te ecooavam na cabeça. Nunca falaste do terror que viveste em Angola, assim como nunca falaste da dor de perder um filho. Fechaste-te em silêncio para fazer o luto, mas quando de lá saiste, saíste um pai completamente diferente. Talvez a dor te tenha transformado. Nunca mais bebeste. Voltaste a nós.

O pouco tempo que tinhas passou a ser vivido connosco. Presente. Pai. Amigo.  Aprendeste a falar de sentimentos e demonstrá-los. E voltaste a sorrir.

Ninguém nasce pai, torna-se pai.

Pai... o meu amor maior. Que nos bons e maus momentos estamos lado a lado, mesmo com uma distância física de 2000 km.

Hoje queria dar-te um abraço daqueles bem fortes, ficamos pela video-chamada, mas já falta pouco.

Obrigada pai por seres como és.

Eu não seria a filha, mãe e mulher que sou se tu não fosses o pai que és.

 

 

 

 

 

17
Mar24

A família

Carla

Esta que me calhou e a que com o tempo se tornou. Afeiçoada e muito barulhenta. Bem capaz de despertar com gargalhadas todos o vulcões adormecidos à séculos. Um exagero naquilo que toca ao gostar de viver. Entre um copo de tinto e uma tábua de enchidos e queijos na mesa, permitimos-nos à partilha das nossas vidas sem reservas nem vergonha. Nunca sei se bebemos e comemos mais do que falamos, mas sei que somos perfeitos na arte que é saber rir e de saborear a vida. Encontramos-nos sempre que pudemos e quando não pudemos, damos um jeito. Despedimos-nos com abraços apertados enquanto falamos do próximo encontro, que nunca tem data certa, porque sabemos que estamos sempre para todos os encontros que forem precisos.

Da próxima vez tragam o mesmo vinho tinto e aquele enchido com trufas.

21
Fev24

À caloteira com amor e carinho: deixa de ser sonsa e paga a tua dívida.

Carla

 

30 de Setembro de 2023.

Puxem de uma cadeira, sentem-se à minha beira que eu conto-vos tudo.

O dia estava ensolarado, bastante quente para aqueles dias de princípio de Outono. Tomei duche, estiquei o cabelo, uma maquilhagem suave no rosto e vesti-me segundo o dress-code do convite, branco.  A festa começava às três da tarde e prometia alongar-se noite dentro. Cheguei ao recinto e já algumas pessoas se encontravam no local, as caras eram-me todas familiares. Algumas amizades mais chegadas, outras nem tanto. A familia já estava toda reunida e aos poucos a sala foi enchendo. O grupo musical animava já no local e as entradas começaram a ser servidas. Entre uns acepipes e umas taças de champanhe, as conversas desenrolavam-se animadas e as gargalhadas foram ficando mais soltas. Segui-se uma pausa dançante e para tirar fotografias. Entretanto, era hora de sentar à mesa para começarem a servir o jantar. Do leitão só como a costela e a pele tem de estar bem estaladiça. E estava no ponto. Terminado o jantar, passámos à panóplia de sobremesas, sempre tudo bem regado com champanhe, vinho tinto, branco, verde, sumos e àgua. Antes da aniversariante, a minha irmã que fazia 50 anos, cortar o bolo, houve um jogo.

12 pessoas, 11 cadeiras. À medida que a música tocava íamos dançando à roda das cadeiras, era-nos dada uma ordem, assim que a música parasse tinhamos de encontrar o objecto pretendido, regressar á cadeira e sentar. Fui rápida a arranjar uma meia, um brinco e até um soutien, mas falhei o anel. Um anel coisa que toda a gente tem, e eu fui eliminada. Peguei na cadeira e abandonei o jogo. Neste dia por ser a mais lenta, desgracei a minha vida ao contrair uma dívida.  A minha sentença foi, convidar a minha irmã para uma noite de crepes em Fevereiro, no dia do "la Chandeleur". Se não o fizesse ficaria em dívida para com ela. Crepes... eu que gosto de os comer, mas detesto fazer! 

La Chandeleur 

Segundo uma tradição belga e francesa o dia 2 de Fevereiro é dia de comer crepes. Mas não se comem só crepes, há o saber virar o crepe. Este deve ser virado com a mão direita enquanto a mão esquerda segura uma moeda. Se ao virar o crepe este cair direito na frigideira, o ano será próspero. 

Dia 2 de  Fevereiro foi uma sexta-feira. Nesse dia não virámos crepes e a minha dívida mantinha-se. O mês foi passando e já a minha irmã duvidáva que iria pagá-la. Eu fazia contas aos dias, via o mês chegar ao fim e a dívida continuava por soldar. 

Domingo 18 de Fevereiro de 2024

A familia (era só para a minha irmã, mas o resto da malta colou-se) reuniu-se finalmente á volta da mesa para uma tarde de crepes. A futura nora que é belga, mais habituada a estas coisas, disponibilizou-se (cravei-a, ok...) para meter as mãos na massa e fazer crepes para 16 pessoas. Doces e salgados, com gluten e sem gluten, barrados com nutela, doce de morango ou só com açucar e canela, morangos, framboesas, mirtilos e manga, fiambre e queijo...e a tarde passou-se.

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Não virámos os crepes com a moeda na mão, logo não sei se o ano será próspero ou não, mas a minha dívida foi paga, agora já posso pousar a cabeça no travesseiro e dormir tranquila. 

 

 

19
Fev24

Há 25 anos atrás era eu uma mocinha de 27 anos...

Carla

... quando pelas seis horas e tinta minutos do dia dezanove de Fevereiro me tornei mãe. 

Contrariando todas as previsões da agulha e adivinhações pelo formato da barriga, que diziam ser uma menina, porque ele nunca se quis mostrar e guardou o segredo fechado a sete chaves. Para o pai era igual, eu tinha a certeza que era rapaz e só tinha nome para menino, Miguel.  Nasceu um ratinho com 35 semanas que mal se ouvia quando chorava, com 47cm e 2,800g. Só se lhe viam os pés e os dedos finos e compridos das mãos. Careca e com o nariz como o pai mas com os olhos da mãe.

O Miguel é o meu maior cúmplice, o melhor companheiro nesta aventura, o meu grande parceiro desta viagem,  o meu filho que me dá o braço na rua e me pede colo e abraços apertados. Que me peça sempre. Para o resto da vida.

Que me dê o braço até me finarem os dias e que percorra comigo todos os caminhos até me faltarem as forças nas pernas, a saúde e a vista.

Nunca haverá palavras para lhe dizer o quanto o amo, só lhe posso agradecer por me ter escolhido para ser sua mãe.

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Parabéns meu filho. Nunca deixes de sorrir e aproveitar a vida da melhor maneira.

12
Nov23

Todos os pretextos são válidos...

Carla

A afilhada, agora desterrada por terras distantes a fazer Eramus, com o pretexto de comemorar mais um aniversário de namoro, veio passar uns dias ao Luxemburgo.

O meu mais novo, sem lugar no pequeno apartamento para pôr uma máquina de lavar roupa, tem sempre um bom pretexto para volta e meia vir a casa.

O namorado da minha afilhada, concluiu o curso e já arranjou trabalho, ora um excelente pretexto para festejar. 

O namorado da sobrinha mais velha, regressou do Curdistão,  onde esteve uns meses em formação, muito bom pretexto para ouvir sobre a viagem, e os momentos engraçados que por lá viveu.

Ainda que não precise de pretextos para reunir a família e os bons amigos, Sábado tinha um bom pretexto para uma tarde animada, com boa comida, boa bebida e muita conversa. Como gosto de manter tradições, o dia de S. Martinho foi pretexto para um magusto.

Tuga que se preze, usa sempre o pretexto do "o que é nacional é que é bom", e lá vim eu carregada do supermercado com 4 quilos de castanhas portuguesas, grandes e bonitas a um preço exorbitante, em vez de trazer castanha luxemburguesa, mais baratinha, mas pequenina e não tão vistosa.

As castanhinhas, algumas recheadas de proteína animal, outras com bolor de já terem sido congeladas, ou completamente negras, seriam um bom pretexto para regressar ao supermercado e reclamar, é que de 4 quilos de castanhas, comeram-se nem 2 quilos, mas deitei o ticket fora, logo fiquei sem pretextos.

Ficámos desconsolados. Mas a jeropiga, era de muito boa qualidade, pretexto usado para beber quase um garrafão de 3 litros.

 

Desejo-vos um bom domingo, cheio de coisas quentes e boas ...

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