Um café e um pensamento aleatório
Enquanto tomava o meu café esta manhã, muito bem acompanhado de duas fatias de pão escuro torradas, uma barrada com abacate e a enfeitar fatias finas de tomate, a outra guarnecida de queijo fresco de cabra e uns mirtilos a adornar e para completar o prato umas rodelas de banana polvilhadas com canela. Num daqueles momentos de introspecção, em que tudo na minha vida é questionado...e o futuro a maior das incógnitas, questionei-me sobre a amizade e o que muda com o passar do tempo.
O bom de partilhar momentos felizes no facebook é que ele mos lembra depois. Estes dias, por exemplo, lembrou-me das viagens que fiz em 2022 com um grupo de amigas, éramos quatro e a completar o grupo um amigo. Um total de cinco pessoas inseparáveis. Era raro o fim-de-semana em que não havia algo programado, não só viagens, mas, descobrir restaurantes novos, idas ao cinema, assistir a concertos de música, caminhadas, passeios de bicicleta, beber um copo... ainda o programa do dia, ou fim-de-semana não tinha terminado e as nossas cabeças engendravam já o que iríamos fazer no fim-de-semana a seguir. As conversas fluiam, havia sempre assunto. Trocava-se ideias, partilhava-se a vida.
Dois anos depois o grupo ainda existe. É mais um grupo no messenger de "bom dia" e a conversa fica por ali. A cada ideia ou programa para aproveitar o fim-de-semana a resposta fica-se sempre por um "digo depois" que nunca se diz, ou um "depois encontramos-nos lá" que acabamos sempre por não nos encontrar.
E não, as nossas vidas não mudaram, nenhum de nós está numa relação e quando isto acontecia, os parceiros, namorados ou ficantes, sempre foram bem-vindos. Para além deste grupo sempre tivemos outros grupos de amigos e planos com eles, também isso nunca nos impediu de planear fosse o que fosse uns com os outros.
A distância entre nós, está a dar lugar à frase "Já tenho saudades vossas, das nossas saídas e momentos juntos" mas nunca há disponibilidade ou vontade de encurtar a distância ou matar saudades. A vida partilhada pelos cinco arrefeceu. Agora somos feitos de silêncios.
Será que os assuntos se foram esgotando? Será que o nosso maior desejo de viver a vida e aproveitar tudo que ela nos tem para oferecer, esmoreceu? Será que o companheirismo que nos unia sucumbiu?