Soube-me bem o mar.
Nestes últimos tempos a praia sempre foi feita de forma rápida, pouca paciência para horas deitada na toalha ao sol quente, a àgua fria pouco convidativa a mergulhos, pessoas amontoadas, confusões, duas a três horas por dia se tanto era mais que suficiente. Na verdade, quando vou de férias a casa, Figueira da Foz, levo sempre uma lista enorme de coisas para fazer, pessoas a ver e sítios a visitar, que depois não consigo desligar e usufruir do descanso que preciso.
Desta vez soube-me bem não cumprir nenhum calendário.
Para isso bastou apenas deixar-me estar.
Soube-me bem ouvir o mar sentada na areia de frente para ele. Soube-me bem os mergulhos que lavam a alma na àgua salgada. Soube-me bem saltar com as ondas e picar carreiros com o corpo. Soube-me bem as longas horas deitada ao sol a assar tipo o frango no churrasco. Soube-me bem os tremoços e as sagres à beira mar. Soube-me bem a bola de berlim. Soube-me bem sair da praia no fim de apreciar o pôr do sol.
Soube-me bem o mar.