Sons da manhã
A porta do quarto entreaberta, deixava perceber a luz ténue que entrava através da janela da sala, cuja persiana tinha sido já aberta pelo meu pai. O galo da dona Júlia anunciou a alvorada. Depois outro galo lá mais ao fundo cantou. Apregoavam a manhã à desgarrada. Deixei-me ficar atenta aos sons da manhã.
Pássaros, muitos pássaros invadiram a nespereira do senhor Mário de vida e de chilreios felizes. Gaivotas passaram a voar. Os pombos pousaram para vir comer as migalhas do pão, que o meu pai tinha acabado de atirar para o quintal. O cachorro da Anita ladrou a duas senhoras que passaram a conversar.
O dia clareava, a luz inundava a sala. Os galos continuavam a cantar. Ouvi portas, o "Pirolito" saía para o trabalho e a Cristina regressava do mercado com verduras e peixe fresco.
Os galos calaram-se, o movimento de carros aumentou, estava na hora de começar o dia e ver o mar.