Sabores que fazem parte de mim
A sopa da minha mãe que é a melhor do mundo, os peixinhos da horta que acompanham sempre com arroz de tomate, os figos do quintal do Sr. Moreno, as sopas de pão com café ao pequeno-almoço, o arroz doce da Carolina, a pannacota da minha irmã, o pão quente com manteiga do Cató que curava todos os estados de alma, a sanduíche club do Fernado's, as bombocas com recheio de nata, o hambúrguer do Cocktail bar paragem obrigatória sempre depois de uma noitada, a carne de porco à alentejana e a torta de laranja da Margarida, o bacalhau espiritual da Teresa, as mariscadas sempre bem regadas no Mario Rui, os croissants de queijo da gelataria Cassata, os Bollycao’s do quiosque em frente da escola n°3, com o chocolate que se colava ao céu da boca, o bolo de chocolate da avózinha à sexta feira quando todas as crianças do bairro regressavam da escola, o pirão com peixe frito na casa da avó da João, as chamuças da mãe da Neca, o molotov da Licinia, o leitão do Pedro, as moelas da Cristina, os ovos à moda de Marrocos feitos pelo meu filho, a lasanha vegetariana da Madalena, as nêsperas do quintal da D. Anita, as favas apanhadas na horta da avó Aida que ela fazia com chouriço, numa panela de ferro no borralho, o arroz de míscaros da D. Micas, a sandes de fígado do Gato Preto sempre acompanhadas de um sumol de ananás, a pizza calzone de espinafres e cogumelos da Linda, o arroz de tomate com atum que o meu irmão tanto gostava, a caldeirada de peixe do Sr. Manuel, a bolacha maria barrada com manteiga, o pão com ovos mexidos, o bolo que a minha mãe fazia todos os domingos, quando éramos pequenos, os sonhos de abóbora e o açúcar com canela lambidos dos dedos, a sapateira recheada como só o meu ex marido sabe fazer, as bolachinhas do meu pai, que acompanham o café sempre depois do almoço, o cornetto de chocolate, os tremoços no Largo da má lingua em Buarcos, a bola de berlim na praia, o caldo verde e o pão com chouriço na Merendeira Praia da Rocha, os ovos estrelados com pimenta e curcuma, os bolinhos de côco, a sopa da pedra no Peleiro, a picanha com mandioca frita no Caramba, o bolo do caco no Madeira Stuff e a poncha de maracujá, a roupa velha da minha mãe que o meu irmão carinhosamente chamava de "blerrk", a salada de pimentos da Dália, a cavala assada na brasa, as sardinhas na brasa do Quim João, as migas na Cova do Finfas e o queijo com doce de abóbora, a sandes de leitão na feira da Tocha, os pastéis e queijadas em Tentúgal, as tapas na Casa España, o meu caril de couve-flor com grão e espinafres, o mil-folhas da pastelaria Papão, a fruta descascada pelo meu pai, que sabe sempre melhor, como ele diz, as empadas da minha mãe, que ela faz sempre para aproveitar os restinhos de carne, o tomate cereja dos vasos na minha varanda, as framboesas e os morangos que apanho no quintal do Sr. Weier, as farturas na rolote da Roberta, a tarte de maçã da Elisabete que é sempre servida com uma bola de gelado de baunilha, os raviolli de espinafres e requeijão da Mina.
Podia continuar.