Muito boa vizinhança ...
No prédio onde moro somos muitos. Cinco andares, três apartamentos por andar e ainda uma igreja evangélica e um restaurante no rés-do-chão. Além de cá morar, trabalho como concierge, e muitas vezes penso que quando aceitei este trabalho devia estar com pouco juízo ... mas pronto! Assumi a responsabilidade, assinei contrato e já lá vão treze anos.
Muito pessoal já por cá passou, uns foram excelentes vizinhos, outros nem tanto ... e depois há aqueles que acentaram arraiais e moram cá à séculos.
Os que cá estão agora até são atinadinhos, tranquilos, respeitam as regras do condomínio e tal e tal. Dão pouco trabalho e não chateiam muito.
Mas ... de há uns tempos a esta parte, desde o inicio da pandemia, o pessoal deixou de ir às compras, primeiro porque não se podia, agora porque é mais cômodo e continuam a receber tudo por encomenda.
E quando digo tudo é mesmo tudo... Eu cá ainda funciono á moda antiga e gosto de passear nas lojas, ver pessoas, bater perna e jogar conversa fora.
Mas ...voltemos ao assunto que aqui me trouxe. Como estava a dizer... recebem tudo por emcomenda e estas vêm bem embaladinhas e ajeitadinhas em caixas de papelão.
A cinquenta metros desta nossa humilde residência existe um centro de reciclagem para o papelão e para o vidro. O plástico é posto em sacos azuis, fornecidos gratuitamente e colocados á quinta feira na entrada do prédio.
Mas este centro de reciclagem deve ser longe como o caraças para o/a vizinho/a que quase todas as semanas, já há muitos meses, quiça anos, teima em abandonar as caixas na cave com todos os saquinhos de plástico onde as roupinhas vêm embaladas.
O ou A porque até hoje não sabia quem era a criatura que tanta encomenda recebe, e se dá ao trabalho de esquartejar a etiqueta colada na embalagem....
Até hoje ...
O Sherlock Holmes que habita em mim e que já a algum tempo andava intrigado com o aparecimento das misteriosas caixas na cave, dedicou-se à investigação, sem fazer muito alarido, não fosse a infratora das regras de boa conduta escapulir-se e ficar tudo em àguas de bacalhau. E hoje desvendou o mistério!
Caixa entregue à proprietária e agora que faça com ela aquilo que deve ser feito. Depositá-la na reciclagem.
É caso para dizer ... o crime não compensa se o criminoso não pensa!