Gentileza gera gentileza.
Esta noite nevou como estava previsto, assim que regressei de Metz, já a noite ia alta, espalhei sal no passeio, fui à cave buscar a pá e encher de novo o balde com sal, sabia que ia ter de o utilizar no dia seguinte logo de manhã, antes de ir para o trabalho. É da nossa obrigação, assim diz a lei, limpar os passeios em frente das casas. Mesmo que não fosse de lei, devia ser da consciência de cada pessoa. Eu, assim como não gosto de escorregar em passeios com neve, também não gostaria que ninguém caísse e se magoasse no "meu passeio".
Acordei 15 minutos mais cedo da hora habitual, abri a persiana do quarto e de facto tinha nevado, tudo estava branquinho, quase não havia trânsito de carros nem de pessoas, mas ouviam-se já as pás a raspar no chão. Vesti um fato de treino, calcei as botas, casaco e luvas, agarrei na pá e no balde com sal e desci à rua. Ao sair a porta do prédio, o passeio em frente da entrada, estava já completamente limpo de neve e tinha já sal espalhado. Dou a volta ao prédio e lá andava ele, entretido, o meu vizinho do prédio do lado. Além de limpar o que lhe competia, limpou também aquilo que me competia a mim fazer.
Quando me viu, sorriu. " bom dia vizinha! Espero não a ter acordado, deixe estar que hoje o passeio está por minha conta" e riu
Ele e a esposa são já pessoas de idade, a mim não me custa nada limpar os 2 ou 3 metros de calçada em frente da casa dele, que faço com gosto, até porque neve na quantidade que havia hoje de manhã é raro, conta-se pelos dedos de uma mão os dias em que neva assim.
Hoje o senhor retribuiu a gentileza.
Ficou combinado que no próximo nevão o assunto sou eu que resolvo.