Então que tempo tem feito no Luxemburgo?
Nem sei bem.
Primeiro parecia uma manhã de outono. Depois o sol brindou-nos com os seu raios quentinhos e estava em crer que o verão estava de volta. Equipei-me, calcei os ténis, decidida a tirar deste corpinho a preguiça que há uns meses se instalou nele, peguei na garrafa de àgua, pus os fones nos ouvidos, desci até ao Grund.
Três kilometros depois o céu ficou de um tom negro assustador, começou a trovejar e sobre mim caíu uma enorme carga de água.
E é debaixo de um alpendre, enquanto espero que S.Pedro deixe de derramar lágrimas, que vos vou contar a história de Melusina.
Reza a lenda:
Um dia o Conde Sigefroid passeava pelas margens do rio Alzette e encontrou a princesa mais linda que que algum dia tinha visto. Esta adorável criatura era a ninfa do Alzette, com o nome de Melusina, que espalhava o charme pelo vale. O conde perdeu-se de amores, ofereceu-lhe o seu coração e a coroa. Melusina aceitou, mas tinha uma condição que ele devia respeitar ou a perderia para sempre. Ao sábado o Conde devia deixá-la sozinha no quarto, sem a observar, nem nunca a questionar sobre o que fazia. O Conde aceitou e celebraram o casamento. Durante muitos anos o casal viveu muito feliz e tiveram muitos filhos. Mas, um sábado, o Conde passou em frente do quarto de Melusina, ao escutar barulho, espreitou pelo buraco da fechadura. Qual não foi a sua surpresa quando viu Melusina nua, dentro de uma larga bacia, e o seu corpo terminava numa cauda de peixe. A verdadeira natureza de Melusina foi descoberta, e a ninfa foi engolida pela terra. Desde então a ninfa do Alzette vive encarcerada no rochedo do Bock, reaparece a cada sete anos para se banhar no Alzette.
Reza ainda a lenda que em noites de lua cheia, ouve-se o cantar melodioso de Melusina.
E com a Melusina vos deixo. Que a chuva abrandou um bocadinho, vou aproveitar e fazer-me ao caminho.
Continuação de um excelente dia!