Caldeirada de assuntos.
Quatro graus às catorze e trinta da tarde. Boa tarde. 24 de Fevereiro, Sábado. Acabei de comer um pain au chocolat, foi-me oferecido com tanto carinho enquanto limpava a entrada do prédio, não podia recusar, e soube-me muito bem. Eu que andei uma semana toda a evitar o açúcar, mas dias não são dias. Entretanto já me enervei, fui aos correios, na Segunda recebi um aviso de uma carta registada que vinha de Portugal, só Deus sabe o que me chateia ter de ir aos correios por causa do tempo que lá se perde. Era o boletim de voto, já ontem me questionei quando chegaria. Chegou Segunda, já o tenho comigo, já posso exercer o meu direito de votar. O sol já espreitou hoje, assim como já choveu e também já caíu granizo, o vento sopra frio, está desagradável para andar na rua. Também já passei no supermercado mas tenho de lá voltar, tenho também voltar ao prédio, deixei-me ficar na ronha esta manhã e o restaurante estava já a funcionar quando limpei a entrada. As camas estão feitas de lavado e os lençois estendidos na varanda para secar, se o tempo ajudar. Uma máquina de roupa escura está já em andamento. Recebi uma mensagem daquelas que não sei muito bem o que responder, a vontade foi não responder ou segunda hipótese, responder e mandar à merda, ele há pessoas que criam a sua própria infelicidade, não aceitam que não vale a pena insistir, confundem um sentimento de amizade com algo mais e teimam em viver infelizes, lamento não corresponder às expectativas criadas. Não respondi. O silêncio é uma resposta, há que o entender. Mas como isto dura há mais de um ano, talvez a compreensão esteja difícil. Paciência. E eu que agora devia estar a teclar naquilo que me pertence fazer, estou aqui sentada no sofá a teclar uma caldeirada de assuntos. Boa tarde, outra vez.