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Mas para que raio quero eu um blog?

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

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Mas para que raio quero eu um blog?

07
Set23

As saudades que tenho de ti

Carla

Olá mano.

Eu sei que nunca te entregarei esta carta, é uma merda não existir endereço onde tás a morar, mas hoje escrevo-te daqui, do teu spot preferido. Estou sentada entre a sombra de duas pedras, deixei o chapéu no carro, não pensei que o sol fosse ficar tão forte, se estivesses aqui já me estavas a chagar a cabeça, não te passes pus protector 50.

Estão 26°, o dia está fantástico, porém a àgua está gelada, o normal na Figueira, depois de entrar tá-se bem! Já fui mandar um mergulho, mas a bandeira está vermelha, coisa rara no cabedelo, o nadador salvador não gostou muito... temos pena. O mar está picado, não está bom para o surf, mas tu sabes como é, vocês surfistas entram na mesma. Aqui no cabedelo está a decorrer um evento, não é um campeonato, é uma festa do surf, tá aí montes de pessoal, ias gostar. É a nossa onda.

Hoje é quinta, passei em tua casa. Fui com a mãe, é dia de te levar flores. Levou-te coroas, salmão acho, ainda iam fechadas, não dava para ver a cor. Detesto o cheiro dessas flores. Desde o dia do teu funeral que não suporto o cheiro, não sei porque raio te leva sempre coroas se a tua flor preferida eram jarros. Não é altura de jarros...eu sei, mas todo o ano devia ser possível levar-te jarros. Têm o jardim cheio de coroas para ti,  ambos sabemos que as plantam com carinho só para que à quinta tenham flores frescas para te levar. Detesto o cheiro... não gosto dessas flores, não ligues sou eu que implico com isso.

Desculpa hoje não ter ficado mais tempo. Desculpa nunca ficar mais tempo, não me leves a mal. A Sandra não percebe porque venho logo embora, os pais nunca dizem nada, mas acredito que também não percebam. Mas... Não gosto do sítio onde moras. Nunca gostei. Não gosto do que sinto. Uma enorme tristeza, um nó na garganta que me sufoca o peito. Tu sabes, já temos conversado sobre isso, para mim tu não estás ali. Não estás aqui, mas também não estás ali. Sempre te disse e continuo a dizer e a  acreditar que foste fazer uma viagem, uma longa viagem e um dia destes nos cruzamos, num desses caminhos da vida. Por aí, nunca ali!  Sempre foste um miúdo livre e continuas a ser, por isso é que tu não podes estar ali. Odeio aquele lugar, não tem nada a ver contigo. Prefiro que continuemos a falar como temos feito nestes 25 anos. Sabia que devia ter feito como faço sempre, deixar a mãe à porta e vir embora.

Não volto a passar em "tua casa" perdoa-me. Não gosto da dor de saudade que isso provoca.

O dia está otimo. Ias adorar o ambiente da festa. O pessoal que aqui está é como tu, de boa com a vida, muito no relax, são tão a tua onda, mano.          Tem um stand a vender bifanas, o tempero é parecido com as do gato preto. Ontem o pôr-do-sol parecia uma tela pintada por alguém apaixonado.

Porque raio decidiste viver tão pouco tempo ... as saudades que tenho de ti, Pedrinha.

 

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