Ao cuidado dos jovens que esta noite, fizeram da entrada do meu prédio,uma sala de chuto
Eu sei que esta vida é tramada. Que muitas vezes não é nada gentil conosco. É madrasta. Que uns têm sorte com as companhias outros nem tanto. Que a vida é injusta e nos fode todos os dias. Também sei que cair num vício, primeiro é por curiosidade, depois já não conseguimos sair dele e por fim já só esperamos que aquela dose nos leve. Que todos nós somos viciados em alguma merda, que nos mata diariamente e devagarinho...Também eu me digo várias vezes, "este é o meu último cigarro", e nunca é.
Todos os argumentos são válidos para justificar um vício, por isso nunca vos julguei. Muito pelo contrário, sempre vos tratei com respeito e a cordialidade que todo o ser humano merece. Não me chateio muito por volta e meia, utilizarem a entrada para regressar a outro mundo, até porque vocês que aqui pernoitam são sempre os mesmos, já conversámos enquanto bebemos café sentados no chão, onde escutei as vossas histórias de vida algumas arrepiantes.
Mas porra pá! Temos um acordo. Eu deixo-vos viajar tranquilos aqui na entrada e vocês deixam tudo limpo. Não é deixarem a entrada como encontrei hoje de manhã, cheia de postas de sangue e os utensílios abandonados. De certeza que a quantidade de pó que varri do chão hoje de manhã, fez falta na dose. Agora, quero ver é como vou tirar a mancha de sangue do tapete.
Meus amigos! Se é para ser assim, esta rebaldaria e falhas ao acordo pré-estabelecido, da próxima vez que haja ajuntamento, que tenham o azar de vos ouvir, levam com um balde de àgua em cima e que se lixe lá a dose, o pó, a seringa e todo o resto!
Logo a seguir vem a polícia.