Acabaram-se as dunas e o mar.
Troquei os dias de passeio em frente ao mar e os serões a ver o pôr do sol pelo desfazer da mala. Pior que fazer a mala, coisa que aceito dizer sem cerimónias, não sei fazer malas, depois de muitos anos a tentar "aprimorar" esta arte, levo sempre coisas a mais do que realmente preciso e uso, é o desfazer a mala.
Desfazer a mala dá aquela nostalgia dos dias vividos e é-se confrontado com a volta à realidade. Aquela realidade dura, do que tem de ser, mas que não apetece nada.
É quando começo a desfazer a mala que me vem à cabeça o "e se?". E se... pegasse de novo na mala, deixasse esta merda toda e fosse embora de vez? Mas não pode ser, para já.
Isto é uma porra, e o voltar de ano para ano é mais complicado. Ainda que tenha cá os filhos, a família, bons amigos e trabalho. Mas falta cá gente. Falta a mãe e o pai e as noites a ver a novela ou o sporting a jogar. Falta as horas de conversa jogada fora, com as pessoas que podes estar um ano sem ver, mas que parece que estão juntas todos os dias. Falta o sol. Falta o mar. Falta os dias longos. Falta aqueles finais do dia...
Vou deixar o desfazer a mala para amanhã ou outro dia, que agora vou ali pôr-me em posição fetal e encher-me de baba até esta fase de raiva passar.
Troquei o "bom dia" pelo "moien" mas como diz o povo... "não há mal que sempre dure"