Quando fiz 50 anos prometi a mim própria que era desta, que ia ver a aurora boreal lá para os lados do polo norte. Voo de Bruxelas/Chaleroi, que é mais baratinha a viagem, para Oslo onde ficaria 3 dias a explorar a cidade, e depois ia de comboio até Tromso com algumas paragens pelo caminho. Como não percebo nada de auroras e não estava disposta a gastar uma pipa de massa e vir de lá de mãos a abanar, meti conversa com um moço no instagram, que mora para essas bandas e leva pessoal à caça de auroras, que me prometeu que regressaria ao burgo com os olhos cheios de auroras azuis, verdes, laranjas e roxas. Mas, quem me manda a mim fazer 50 anos, no ano em que o mundo parou à conta do covid? Ficou tudo em àguas de bacalhau. Outras coisas se meteram no meio e até hoje essa viagem não saíu do papel.
Evidentemente que sábado quando acordei e percebi, que a D. Aurora tinha andado a bailar nos céus do burgo e que eu, tinha estado até às 5h da manhã de olhos postos na televisão, a ver um grupo de putos a combater as forças do mal numa cidadezinha na América, fiquei chateada... Possessa... possuída! Até parecia que a coisa ruim, que por lá se instalou no subsolo se tinha apoderado do meu ser. A coisa só acalmou quando, a minha sobrinha mais velha me informou que nessa noite seria possível vê-la de novo.
Mas a aurora é levada da breca. Deixou-me de olhos postos no céu, até as 3h da manhã e não apareceu. Regressei a casa triste...
Agora, se quiseres ver a aurora boreal, só tens uma hipótese, é tirar a viagem do papel. Porque o fenómeno acontece de 20 em 20 anos e tu sabes lá onde estarás daqui a 20 anos!