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Mas para que raio quero eu um blog?

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Mas para que raio quero eu um blog?

28
Jun25

Já pararam para pensar

Carla

Olho para as cerejas, daquelas pretas, grandes, e elas a chamar por mim, pssst... pssst, e eu já a passar a língua pelas beiças a saborea-las, mas desci à terra quando olhei o preço. Mas mesmo assim o desejo associado à gula para trincar uma delas era bem maior. 

Caras, mas... esta vida são dois dias e o carnaval três, e sem pensar muito e de olhos fechados, porque quem não vê não sente, meti uma mão delas no saco.

Quando o homem me pede cinco euros por meia dúzia de cerejas que nem dá pá cova de um dente, senti-me enrabada (desculpem lá o termo) como se diz na minha terra. Já pensaram que cinco euros, na moeda antiga, ou seja, em escudos, são mil escudos? Mil escudos por uma mão de cerejas?! Cairam-me os tomates e as cerejas ao chão... se o marroquino fosse masé vender as cerejas para Rabat!

Para onde nos leva este Mundo?

As ditas, as belas, as pretas, as carnudas...

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... que já foram!

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Mas ...alguém sabe como parto o caroço sem danificar a pepita de ouro que tem lá dentro?

 

06
Jun25

O cortex frontal

Carla

Especificamente a região olfativa frontal, é quem mais tem sofrido com as romarias diárias a hospitais.

No hospital onde a minha mãe esteve internada, era o cheiro a sopa. Não importava se a visita era de manhã, tarde ou noite, aquele corredor e a escadaria até ao 6° andar cheiravam sempre a sopa. Curiosamente dentro do elevador não cheirava a sopa, mas aquele hospital é tão confuso, que das primeiras vezes que subi de elevador, fui sempre parar a sitios diferentes, a alas erradas e lá tinha eu de regressar à entrada e subir pelas escadas. Resolvi então pôr de parte o elevador e levar com o cheiro de sopa 6 andares.

Cruzei-me com poucas pessoas nessas escadas, tive degraus suficientes para apreciar os azuleijos gastos, as janelas mal vedadas e com a pintura craquelada, as fissuras nas paredes, e aquilo metia-me uma enorme confusão, "como um edifício novo tem uma escadaria tão velha?". Percebi mais tarde que, aquelas escadas pertenciam ao edifício 1, o mais antigo e que está em remodelação.

O hospital é composto por 4 edifícios ligados por corredores. Eu entrava no edificio 2, da entrada principal, a minha mãe estava no edifício 3, entre um e outro perdi-me e usava as escadas do edifício 1, atravessava o enorme corredor e chegava ao quarto onde ela estava.

Andar pelo hospital desengana-nos os sentidos, tal como o cheiro da sopa que me atrofiava o cérebro, mas depois de a provar achei saborosa, o cheiro porém continuou a ser desagradável.

A U33 do hospital onde o Carlos está, não cheira a sopa. A escadaria que me leva ao 3° andar e o corredor até ao quarto nao cheira a sopa. Não há um cheiro que incomode nos cuidados intensivos.

A área é serena, a musica toca baixinho dando ao lugar um ambiente descontraído, cheira a fresco como se todas as manhãs as janelas fossem abertas para renovar o ar. Só o bip bip das máquinas que mantém as pessoas ligadas à vida, me remetem à realidade do contexto em que estou.

Mas há um cheiro que causa náuseas quando entra nariz adentro. Nos primeiros dois dias não incomodou, mas há medida que o tempo foi passando tornou-se mais forte e pertubador, mas não conseguia evitar, tinha de lá ir.

Talvez a ansiedade de não saber o que ia encontrar, o desassossego de pensar que a situação podia piorar, a cada degrau que subia a bexiga enchia mais um pouquinho e ao chegar ao 3° andar, antes de tocar à campainha, para o enfermeiro me vir buscar à porta e acompanhar ao quarto, tinha de ir à casa de banho.

Todas cheiram ao mesmo, até a do 2° andar, onde fui na esperança de encontrar uma essência mais agradável.  Ambas têm um fedor forte e repugnante a desifectante que me provocava vómitos e dores de cabeça.

Felizmente hoje já não foi preciso subir ao 3° andar, saíste da U33 e foste transferido para o 4° andar e acomodado na U43, unidade de cardiologia, e eu hoje, já não precisei de ir à casa de banho. 

05
Jun25

Para morrer basta estar vivo.

Carla

A morte.

Uma etapa natural e inevitável desta nossa jornada. Não perco muito tempo a pensar nela, mas algo lhe passou pela cabeça e como quem não quer a coisa, decidiu andar por aqui a circundar. Não directamente a mim, (bem pode esperar sentada que ainda faltam muitos anos para me meter na fila e seguir o caminho das pedras, digo eu c'os nervos) mas, vi-me envolvida em dois episódios em que essa alma penada atentou a minha familia que vieram ate ao Burgo de visita. Uma no inicio de Fevereiro, veio por 4 dias e ainda está cá a recuperar devagarinho. A outra agora a meio de Maio, também veio por quatro dias e o prognóstico é estável.

Aproveitou se de um momento de distração, cercou-os de mansinho, silenciosa a desgraçada ... mas saiu daqui de casa a coxear com o valente pontapé no cú que levou de ambos! Ainda não era a hora deles, vai pregar para outra freguesia que daqui não levas nada, nem ninguém!

Brincadeira à parte.

2025 não tem sido um ano leve, mas como costumo dizer, "quando a vida te der limões, faz um sumo de laranja!" 😉

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