Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Mas para que raio quero eu um blog?

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Um blog sem pernas para andar, com uma dona sem vontade de escrever.

Mas para que raio quero eu um blog?

27
Jun24

Sons da manhã

Carla

A porta do quarto entreaberta, deixava perceber a luz ténue que entrava através da janela da sala, cuja persiana tinha sido já aberta pelo meu pai. O galo da dona Júlia anunciou a alvorada. Depois outro galo lá mais ao fundo cantou. Apregoavam a manhã à desgarrada. Deixei-me ficar atenta aos sons da manhã. 

Pássaros, muitos pássaros invadiram a nespereira do senhor Mário de vida e de chilreios felizes. Gaivotas passaram a voar. Os pombos pousaram para vir comer as migalhas do pão, que o meu pai tinha acabado de atirar para o quintal. O cachorro da Anita ladrou a duas senhoras que passaram a conversar. 

O dia clareava, a luz inundava a sala. Os galos continuavam a cantar. Ouvi portas, o "Pirolito" saía para o trabalho e a Cristina regressava do mercado com verduras e peixe fresco.

Os galos calaram-se, o movimento de carros aumentou, estava na hora de começar o dia e ver o mar.

IMG_20240627_213607_652.jpg

 

 

25
Jun24

Um ano e doze dias.

Carla

Faz um ano e doze dias que comecei o blog.

Como é possível ter-me esquecido de assinalar uma data tão importante, com toda a popa e circunstância que um ano merece? Escapou-se-me! Sou péssima a fixar datas. 

Na altura em que criei o blog estava de castigo no facebook, 30 dias afastada sem poder comentar nem publicar, sentia-me infeliz, sozinha, não tinha ninguém a quem chatear, e pensei, "vou importurnar a malta da blogosfera". E cá ando eu há um ano a azucrinar.

Nesta aventura pelos blogs descobri blogs com pessoas cativantes, pessoas admiráveis, carinhas larocas e  simpáticas. Blogs que me prendem a atenção e me fazem passar horas agarrada, tal é o vício que não consigo passar um dia, sem vir aqui cuscar.

Obrigada a todos os que me acompanham nestas peripécias e que me fazem escrever mais e mais. 

Como é dia de festa, sirvam-se.

FB_IMG_1719301203029.jpg

Hein?! Um para cada um não sejam gulosos!!

 

 

 

 

 

 

24
Jun24

Filha da outra senhora de sorte

Carla

Quando fui contactada para começarem esta segunda-feira a montar os novos móveis de cozinha, já tinha previamente informado a senhora que quarta-feira ia de férias. Já a prever que alguns problemas podiam surgir, pedi-lhe que viéssem a meio de julho. Seria tranquilo para mim, para a senhora não, porque estava tudo ok, as medidas tinham sido tiradas e não iria haver imprevistos. 

Como eu temia. Tem de se fazer alterações. Deslocar e colocar fichas de electricidade e modificar a canalização,  a máquina da loiça e o armário do lava loiça não ficam juntos á parede por causa da canalização, que é fora do muro.

Como conheço bem a firma que vem fazer isso, amanhã vêm ver o trabalho e com sorte só sexta ou sábado é que vou de férias. 

Rezem com fervor para que a empresa não tenha ninguém disponível até dia 8 de julho. 

Puta de sorte a minha! 

23
Jun24

Somos todos aliens em algum momento e em algum lugar.

Carla

Depois da tradicional salsicha, carregada de maionese que comi numa das muitas barraquinhas espalhadas pela vila, a Di e dois amigos dela juntaram-se a mim, para assistirmos ao fogo de artifício, no início da ponte Adolphe. Deixámos-nos ficar por ali o tempo suficiente de um outro amigo chegar, e tomámos direção ao centro. Por mim a noite tinha terminado, aquele mundo de gente, a maior parte já bem entornada, dj's tasca sim tasca sim, e o bum bum bum bum em decibéis altíssimos para ouvidos sensíveis era perfeitamente dispensável. Mas acompanhei-os até á zona histórica onde a festa bombava. Do grupo conhecia a Di, os outros eram-me completamente estranhos. Veio então aquela parte chata de ter de socializar, onde as conversas triviais e banais têm de ser feitas perto do ouvido ou tens de gritar e mesmo assim não ouves o que te é dito. Depois de palmilhar à esquerda e à direita, sempre empurrados pela multidão, assentámos arraias na praça Clairefontaine, menos gente e o dj mais soft com a música que dava ao pessoal pra dançar. E havia bancos... as minhas costas já reclamavam por um. Ali num ambiente mais tranquilo a cerveja até tinha outro gosto e conseguiamos-nos ouvir uns aos outros.

Até que a conversa de trivial e banal passou a assuntos sérios sobre a espiritualidade, a essência, o significado profundo, a vida e a nossa forma de a encarar. As conversas são como as cerejas e havia ali assunto para várias horas. Não no ambiente onde estávamos, mas a cerveja leva nos a estados de espírito mais filosóficos. 

Um dos moços prepara-se para ir fazer o caminho do norte até Santiago, sentiu que era o momento e vai dedicar os 32 dias de férias a percorre-lo. Comentei que também gostaria de o fazer quando estiver reformada, mas que me ando a preparar para fazer do Porto a Santiago, talvez para o ano. 

A partir deste momento a conversa rodou à volta do tema "camiño", onde todos me pareceram experts e conhecedores da grande missiva espiritual que é chegar à catedral. Nisto, ele volta-se para mim e solta a pergunta, se tinha sido o livro "Diário de um Mago" que me tinha inspirado a fazer o percurso. 

O horror, o drama e a tragédia aconteceu quando o informei que não, que nunca tinha lido o livro, e nem sabia quem era o escritor. Como é possivel Carla Maria desconheceres Paulo Coelho e não te teres inspirado num livro, que desperta a vontade em alguém em realizar algo? Bem... em minha defesa, eu conheço Paulo Coelho, mas... normalizem o facto de uma pessoa nunca ter lido Paulo Coelho, ok! 

Com aquelas pancadinhas condescendentes nas costas, senti-me alien no meio de gente entusiasta e amante da narrativa do escritor. Tão alien, tão fora, que hoje de manhã desmarquei o programa desta noite. Não fosse ele vir carregado com todos os livros do senhor e eu ter de estar, com um ouvido a tentar assimilar o assunto e o outro, a embebedar-se ao som de Morcheeba.

 

21
Jun24

E sai um abaixo-assinado, já!

Carla

A idade, a idade, a puta da idade! 

Foi por causa da idade, que neste momento vocês não poderão dar os parabéns, à nova funcionária do departamento de manutenção e limpeza de l'etat. É chato, eu sei! Já tinham as taças erguidas à espera do champanhe. Paciência! Fica para uma próxima vez. 

Eu sei que com a idade as doenças crescem como os cogumelos no inverno. São as artrites, artroses, a perda de audição, visão, das faculdades mentais e outras que tais. Também sei que já estou com um pé mais perto da reforma que uma miúda de 30 anos. E a experiência, pah? A experiência? Isto são já muitos anos a virar frangos... não conta? Ok! Tenho pena porque sei, que é o departamento que fica a perder.

Mas proponho um abaixo-assinado: Pelo direito das pessoas 50+ a novas oportunidades de trabalho. 

Vamos lá assinar isto e fazer barulho! 

20
Jun24

Não há nada mais ternurento nisto das relações que a permanência.

Carla

Mais ou menos a meio da rua principal de Fetange fica a casa do Klaus e da Yvonne. Ambos já passaram dos noventa e a maior parte do tempo passam-na ambos na grande varanda fechada com enormes janelas que dá para a rua principal. Quando o tempo o permite sentam-se no jardim. Enquanto ele desfolha o jornal, ela faz-lhe companhia. Conheceram-se miúdos, as familias eram amigas. O Klaus foi estudar para a Alemanha e a Yvonne casou e enviuvou passado pouco tempo. Reencontraram-se anos mais tarde, o Klaus era casado e pai de três meninas. A Yvonne não teve filhos e não mais voltou a casar. Em 1978 Klaus e Yvonne trocaram alianças.

Hoje quando saí do trabalho, ele passou por mim com um ramo de rosas vermelhas na mão.

Bom dia! 

Bom dia Carla

A Yvonne vai adorar! 

E vai ficar com um sorriso do tamanho do teu?

Vai ficar com um bem maior!

Obrigada Carla.

Abençoadas rosas na mão de um namorado de 94 anos. ❤️

 

 

19
Jun24

Tem sempre uma primeira vez.

Carla

As duas sentadas na cozinha, reviamos os meus apontamentos quando ela solta esta frase " tem sempre uma primeira vez!"

Sim, é a primeira vez que faço um currículo e uma carta de motivação para me candidatar a um trabalho.

Antigamente era tão mais fácil, via o anúncio, telefonava, marcava entrevista e dias depois recebia a resposta. Agora, primeiro apresentas-te e falas de ti num CV, clicas numa tecla para enviar, se gostarem e preencheres os requisitos és chamada para a entrevista ou então metem o mail de parte. Mas tem sempre uma primeira vez!

É incrível como esta frase fez-me lembrar algumas primeiras vezes que  vivi na vida.

A primeira vez que fiquei sozinha depois de casar, foi só um mês  que o homem foi de viagem em trabalho, mas aquelas noites, para quem sempre morou com os pais e habituada a ter a casa cheia com os irmãos, aquelas muitas noites foram aterrorizantes. A primeira vez com o miúdo bebé, a inexperiência, a preocupação, o coração descompassado, o receio de falhar e a vontade de voltar 8 meses para trás e desistir da ideia de pôr filhos no mundo. A primeira vez que, depois de separada, fui sozinha jantar fora e ao cinema, foi tão desconfortável. A primeira vez que viajei rumo ao desconhecido e ao recomeço da vida noutro país,  foi uma mistura de medo e dor de barriga. E aquela primeira vez que fui de férias sem os filhos, bem... foi tão desaconchegante. 

Mas todas as primeiras vezes me movem em direção dos meus sonhos e conquistas, ao novo, ao desafio.

Não é que não goste do meu trabalho, das colegas, dos patrões. Não é que esteja mal, mas posso sempre estar melhor. A vida vai nos dando as oportunidades e estas são únicas, o melhor é não desperdiçar. 

Agora resta-me esperar que gostem do que foi escrito e que tenham a curiosidade de me conhecer pessoalmente.

E quantas primeiras vezes ainda estão por vir? 

 

18
Jun24

Apanhei um susto de morte.

Carla

Tesla, seu filho da mãe! Não bastava os pelos nas cadeiras, sofás e espalhados pela casa. Bufares cada vez que ligo o aspirador. Mijares nas plantas que deixa um fedume que nem te digo nada. Teres-me roido os chinelos e espalhares os brinquedos por toda a casa... ainda me fizeste andar desesperada atrás de ti grande parte da manhã. Que raio te passou pela cabeça saires sem avisares? Queres me matar do coração de preocupação!?! Corri o prédio todo à tua procura e fui dar contigo empoleirado no telhado a expiar a gata da vizinha. Meu desgraçado! Pro que estava guardada! Onde estava com a cabeça quando aceitei tomar conta de ti, enquanto o teu dono passeia no México!

IMG_20240618_165202_626.jpg

Não olhes para mim com essa cara, que não penso perdoar-te!  Um dia destes passo-me da cabeça! Seu mulherengo!

17
Jun24

Fim de semana,pois então!

Carla

Título mais sem jeito uma vez que o fim de semana já ... era! Mas, prontes... vamos lá saber... correu bem? Foi bom? Foi tórrido? Foi o que esperavam?  Foi um para mais tarde recordar? Deram aquela voltinha, ou mantiveram-se alongados de barriga para cima? Estou a falar do fim de semana, não se ponham com ideias, suas cabecinhas mal intencionadas! 

O meu não teve jeito nenhum, nenhum mesmo! Foi tão mal aproveitado, fiz tanta coisa e não fiz nada por mim do que me dá gosto fazer, que no domingo à noite, quando deitei a cabeça no travesseiro, nem queria acreditar que tinha gasto 48h da minha vida de forma tão, inaceitável. 

* nota:  rever prioridades.

 

 

13
Jun24

"Eu preciso de falar contigo!"

Carla

Todos nós sabemos que esta não é a melhor frase para começar uma conversa. Causa ansiedade, a cabeça da pessoa começa a fazer filmes e depois vem o stress de pensar o que fez ou o que não fez, para levar a outra pessoa a este tipo de abordagem repentina logo às 8h da manhã. E quando isto é dito por uma miúda de 4 anos, a coisa agrava-se. É uma inquietação preocupante que dá desassossego. Esperei impaciente que terminasse o pequeno-almoço e lavasse os dentes, para que pudessemos ter a tal conversa.

Andava eu já nas minhas lides quando subiu ao 2° andar, a cara era de caso, uii temos a burra nas couves, mil e uma coisas me passaram pela cabeça, deitei fora algum desenho importante? Arrumei alguma boneca fora do sítio? Às tantas foram os legos que ficam espalhados e o aspirador come ... dúvidas... dúvidas... fui assolada por imensas dúvidas. 

- Carla...( ar grave e sério)

Desliguei o aspirador, pousei o cano no chão, ajoelhei-me para ficar à altura dela.

- sim!

- preciso de te dizer uma coisa muito importante antes de ir para a escola.

- o que se passa Ella?

-  eu gosto muito de ti.

- eu também gosto muito de ti! 

E depois de um abraço apertado e um beijinho, desceu as escadas e lá foi ela toda contente com a sua mochila cor de rosa para a escola.

 

Pág. 1/2

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub